sábado, 17 de agosto de 2013

QUEM FOI O CRAQUE ( À MEMORIA)


 

    Estávamos  nos anos 50 e o Izabelense que sempre mantinha um time à altura de sua tradição, perdia porém um dos seus grandes defensores que era o Pedro Brito ou Tarzan.
Passado algum tempo chegava à cidade um mulato, de aproximadamente 1,80m, físico de atleta e que se apresentava para testes no Vermelhão. Tratava-se de Raimundo Cosme da Silva ou simplesmente o Jaú, que tomou conta da posição que na época denominava-se de "center half", justamente suprindo a perda do Tarzan que mudou-se para nossa capital. Com pouco tempo, logo familiarizou-se com a turma e passou a formar um trio de meio de campo onde já atuavam Major e Milton. 
    Jaú, apesar de cearense, veio de nossa capital, onde residiu por algum tempo, tendo jogado por alguns clubes do subúrbio,inclusive o São Joaquim da Marambaia (pelo qual disputou o Campeonato Suburbano), bairro em que morou com a família.
   Ele servia ao Exército quando ao cair de um bonde perdeu cerca de 50% de seu membro superior esquerdo, o que nunca o desmotivou a jogar futebol, uma de suas paixões. No Vermelhão disputou partidas memoráveis, no tempo de Orivaldo e Cia, tendo formado com três gerações de pebolistas no Iza. Sua estatura e compleição física lhe davam vantagem nas disputas individuais, além de ser vigilante e decisivo no seu setor de luta. 
   Uma das façanhas que participou no Vermelhão, foi em um jogo-treino contra a Seleção de Castanhal. Sempre brincalhão e extrovertido era o animador do grupo com gozações e piadas e, quando viu os jogadores mais jovens apreensivos diante do forte adversário, preconizou: -Vocês estão com medo de que? Nós vamos é ganhar essa parada, vamos dar um show e eu ainda vou sentar na bola. Dito e feito: o jogo estava 3x0 e ele cumpriu o prometido, enquanto os castanhalenses se enganavam.
   Jaú por pouco não chegou a defender a nossa Seleção no Intermunicipal, pois resolvera parar já aos quase 45 anos, porém futebol ele jogava e conhecia como ele só. Nas quatro linhas porém, se portava como um líder, primando pela seriedade diante de qualquer compromisso.
   Tive o privilégio de atuar junto a esse monstro sagrado do nosso futebol, que nos deixou há anos atrás, porém nos legou sua alegria, sua responsabilidade para com o clube e seu futebol igualmente alegre e exuberante. Por isso é mais um que inscreveu seu nome na Galeria dos Grandes Futebolistas desta terra.
    
   
     

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