segunda-feira, 24 de setembro de 2012

REMINISCÊNCIAS

O Mercadão visto como se fose da Av.  Marechal Deodoro

    Memorizando a segunda metade dos anos 50, parece que estou frente a frente com o velho e majestoso Mercadão Municipal.Era ali onde está hoje a Praça da Bandeira e sua placa de inauguração, indicava que fora construído pelo engenheiro Palma Muniz em 1911.
   Desde que me entendi, lá estava o imenso prédio, onde era o centro de nossa feira, reunida em um galpão de aproximadamente 25x70 m e altura de uns 6. Nesse tempo nossa família morava bem em frente, onde também funcionava o comércio de meu pai, justamente onde é hoje o atual mercado.Neste antigo prédio público, funcionavam além da feira- livre,inúmeras outras atividades, como açougues , peixaria,vendas de caranguejo, verduras,fruteiras,bares,mercearias,lojas e pequenos restaurantes.Bem ao centro um minúsculo box, onde atuava o fiscal, Sr. José Miranda (pai de Alderico Miranda).Recordo suas paredes em um amarelo-ouro e as inúmeras colunas laterais e gradil em madeira.Quantos negocientes por ali passaram, os marchantes: Raimundo Galo (pai do Nan) Sr. Barreto, João Bebê, Osório, Lourival e Josué (talvez o único vivo). Lidavam com carne de porco, os senhores: Elias, Raimundo Nascimento,Vicente e Juca Holanda; nos bares: senhor Raimundo Lacerda, (onde existia o único sinuca da cidade) que passou mais tarde ao irmão Gunar, Custódio Pereira e uma família de maranhenses;nas maiores mercearias e lojas: os senhores,Arcelino Castanho,Otacílio Sena,Bento Lima, Raimundo Viana(Totô) e Alfredo Santos; em pequenos box, chamados aparadores, tinha-se os restaurantes das senhoras,Zena Oliveira (avó do Diego e Tiago Sousa), dona Benedita e dona Coló e ainda o velho fruteiro senhor Duca. 
    No Natal e fim de ano o antigo prédio engalanava-se, ali se realizavam as grandes festas ,onde os ruralistas e o pessoal das vilas próximas, vinham em massa, para dançar ou apreciar os melhores pares dançarinos, que recebiam premiações -o folguedo ia até de manhã.
     Quantas vezes à noite, nossa molecada, corria e brincava ao seu redor, de "pira" ou "mãos ao alto", onde o "xerife", ia procurar um por um dos "bandidos", quando nem se sonhava com televisão.
     O tempo para aquele velho Mercadão chegava ao ápice, quando suas tesouras sustentáculos do telhado, começaram a arquear e tentou-se um paliativo escorando-as feito muletas, porém o perigo de desabar era iminente.
    O gestor Nestor Ferreira ainda tentou recuperá-lo ou construir outro em seu lugar -porém não logrou sucesso diante da falta de apoio e recursos, cujo
  deputado da época, não esboçou o menor empenho.
    Meses depois a sentença: o velho e imponente Mercadão de outrora, aos sessenta anos de existência, seria demolido inapelavelmente,sem nenhuma chance de recuperação.
    Eu na época morava em Belém e quando aqui cheguei, só tive o desprazer de ver em seu lugar, um monte entulho, entre paus e telhas. Talvez Palma Muniz o seu criador e construtor lhe desse alguma esperança de vida, mas infelizmente, já não estava entre nós.
    Quando contei ao meu primeiro neto, essa história, consegui conter as lágrimas, porém não pude disfarçar a emoção.  

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