terça-feira, 12 de junho de 2012

BÊNÇÃO DIVINA



       Esta é uma história real e incrível, acontecida por volta dos anos 80. 
       Eu morava em um determinado residencial em Belém e lá um dia, notou-se que uma senhora aparentando uns 45 anos, vestes em trapos,olhar cabisbaixo, com uma aparência de desequilíbrio mental e bastante debilitada, - passava o dia sentada nas esquinas e por volta do meio-dia,batia em qualquer porta a pedir um pouco de comida, sempre com uma latinha na mão. Passou-se um período de três meses aproximadamente e aquela pobre mulher todos os dias, repetia o mesmo ritual. Certa vez, percebi que ela escolhera para passar as noites, uma construção ao lado de nossa casa, cuja obra encontrava-se a algum tempo paralizada .Aí já passou a bater em nossa casa todas as manhãs solicitando um pouco de café que complementávamos com um pedaço de pão, ela em voz baixa, agradecia e entrava em "sua improvizada morada".
       Mais três meses se passaram e ela repetindo tudotodp dia. Porém certo dia desconfiou-se de algo, mas os vizinhos não quizeram perguntar-lhe.
       O tempo passando e em determinada manhã de um rigoso inverno, acordamos com ela batendo, quando o dia mal clareava. Tentei perguntar-lhe se estava acontecendo algo com ela. Disse-me apenas que queria falar com minha esposa. Apressei-me em chamá-la. Ela então solicitou-lhe que a acompanhasse, até ao improvisado dormitório. Minha mulher assustou-se ao ver a dramática e penosa cena. Aquela infeliz senhora acabara de dar à luz a uma robusta menina, que chorava e se debatia em seu "estranho leito" : alguns pedaços de papelão sobre peças de madeira e envolta a alguns molambos. Minha mulher, ainda pasmada com aquilo, deu-me a notícia. E saiu em busca de outras vizinhas para ajudar na tarefa de assear e logo cuidar daquele pequeno e indefeso ser humano. A criança foi logo assistida por pessoas experientes e logo devorou o sua primeira refeição,uma mamadeira cheia.Quanto à mãe, que ficara em frente à residência onde cuidavam da neném, fora aconselhada a procurar o posto médico para alguma prevensão. Disse apenas que não "carecia", porque já tinha tido um, em igual situação e não precisou de cuidados.
     Ai foi que uma senhora que passava e sabendo do acontecido, dirigiu-se à mãe e solicitou-lhe a criança,dizendo que era para uma irmã sua criar, que não tinha tido a felicidade de gerar um filho. A pobre senhora apenas respondeu: -Pode ficar! Em seguida foi embora sem ao menos olhar para aquele pequeno ser, que acabara de trazer ao mundo e que agora já protegida e amparada, batia os pezinhos em um merecido berço.Sua mãe sumiu do conjunto e da filha e meses depois, soube-se do seu falecimento, na cidade de Bragança, de onde seria  oriunda -talvez em circunstâncias de um parto naquelas condições -e depois comentou-se que ela antes teria contado, ter sido vítima de estupro,depoi que saiu da casa de parentes no Bengui, perdendo-se, não sabia o nome destes, logo não conseguiu mais voltar. 
    Ainda assistimos anos depois,a linda criança, agora aos sete anos de idade, passar em frente de nossa residência, com os pais adotivos. Minha senhora, não se conteve e correu a abraçá-la dizendo-lhe: -Fui eu quem primeiro te viu, ao nasceres aqui nesta casa! A criança, parecendo já ter sido cientificada, retribuiu-lhe o gesto e saui olhando para trás, até sumir.
     -Fora realmente, uma bênção Divina. 

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